Tecnologia Wi-MAX no combate aos incêndios
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Universidade de Coimbra está a desenvolver um projecto pioneiro no aproveitamento das novas tecnologias de comunicação: adaptar a tecnologia WiMAX, que permite comunicações sem fios a grande distância, a um novo sistema prevenção e combate a incêndios.
O mote foi lançado em 2006. A Universidade Coimbra candidatou-se ao projecto europeu de investigação WEIRD (WiMAX Extension to Isolated Research Data Networks), que tem como objectivo desenvolver aplicações para tecnologia WiMAX. Uma oportunidade irrecusável, explicou ao PÚBLICO Edmundo Monteiro, coordenador dos investigadores do Laboratório de Comunicações e Telemática, uma vez que a Faculdade precisa de internacionalizar a sua missão na área da investigação e os projectos europeus permitem dar trabalho a muitos mais investigadores do que as iniciativas nacionais. “A Wi-Max é uma tecnologia recente, em vias de ser desenvolvida, e permite a comunicação sem fios a grandes distâncias, ao contrário de outras tecnologias sem fios já existentes como o wifi, que está limitado a umas centenas de metros, e as tecnologias 3G e GSM que precisam de uma grande rede de antenas para funcionar. A WiMAX só precisa de uma antena, com um raio de cobertura de cerca de 50km”, diz Edmundo Monteiro. “A partir daqui vai ser possível instalar câmaras e sensores que permitam caracterizar a fase antes do incêndio, medir a humidade ou a temperatura. Este sistema traz uma possibilidade de evolução em relação àquilo que os bombeiros já utilizavam, mais qualidade, mais cobertura e maior mobilidade, o que é muito importante numa situação de combate a um incêndio”. Os investigadores estão neste momento a desenvolver uma experiência piloto na zona de Poiares, na Serra de Lousã. Segundo uma nota de imprensa divulgada hoje, o caso de estudo prevê “a transmissão de imagens de vídeo e parâmetros meteorológicos das torres de vigilância para o Centro de Coordenação (CC) da Protecção Civil, a comunicação de voz entre os elementos da brigada de combate a incêndios e o CC, emissão de imagens de vídeo e comunicação de voz entre os helicópteros da brigada de combate a incêndios e o CC e envio de informação ambiental como temperatura, direcção do vento e humidade, recolhidas por sensores distribuídos em zonas de difícil acesso”. Têm um ano para realizar testes, só depois se procederá ao licenciamento do sistema. Edmundo Monteiro estima que a tecnologia seja depois integrada pelas operadoras de telecomunicações e fabricantes europeus para entrar no mercado dentro de cerca de três anos. Aproximar as tecnologias dos utilizadores Entretanto, surgiu a ideia de aproveitar a cobertura Wi-MAX para melhorar a rede de internet das escolas da região coberta pela antena. “Vai haver um aproveitamento desta infra-estrutura, como existe esta antena na Lousã porque não servir algumas escolas da região que passam assim a ter acesso a internet de banda larga”, refere Edmundo Monteiro como mais uma das aplicações da tecnologia. “É uma tecnologia que tem muitas possibilidades. O problema das novas tecnologias é adaptá-las, há que tornar as tecnologias próximas dos utilizadores, neste caso porque vão ser utilizadas por pessoas que não têm essa informação científica e técnica, diz Xavier Viegas, coordenador dos investigadores dos Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial envolvidos no projecto. “Não devemos ficar deslumbrados porque elas não são a solução. Há muitas questões do foro cientifico por resolver. Podemos ter ferramentas muito boas mas não percebemos ainda a física e os mecanismos do fogo. E do ponto de vista operacional vai haver uma necessidade grande de formação”.
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