A Oliveira - a sua distribuição geografica
Distribuição geográfica da Oliveira ... Um trabalho deveras interessante da Engª Maria Fernanda Franca que nos facilita e enquadra nos conhecimentos técnicos de uma cultura milenar e que convive connosco neste mundo rural.
Com a sua devida autorização publicamos vários artigos de sua autoria.
A Oliveira - a sua distribuição geografica
Esta cultura milenar, teve a sua origem geográfica num imenso território que vai desde o Sul do Cáucaso até às planícies do Irão, Palestina e zona costeira da Síria. Estendeu-se por Chipre até à Anatólia e através de Creta até ao Egipto, povoando todos os Países da costa Mediterrânica.
Com a descoberta da América, alargou a sua expansão pelo Novo Mundo, cultivando-se também actualmente na África do Sul, China, Japão e Austrália.
O habitat da Olea europaea, tem a sua concentração entre as latitudes 30º a 45 º em ambos os hemisférios Norte e Sul, nas regiões eminentemente de clima Mediterrânico, em que prevalece um clima ameno com realce para a época estival quente e seca.
Relativamente ao panorama oleícola no Mundo, estima-se a existência de aproximadamente 820 milhões de oliveiras, sendo 98% localizado na costa Mediterrânica, ocupando uma área de cerca de 8,2 milhões de hectares (COI,1995).
Embora existam, segundo a mesma fonte, cerca de 50 milhões de oliveiras que beneficiam de água de rega, conclui-se que os restantes se cultivam em sequeiro.
Todavia, apesar de se obter uma média anual de produção na ordem dos dez milhões de toneladas, cerca de 90% se destinam à produção de azeite e os restantes 10%, consumidos sob a forma de azeitona de mesa. Daqui se conclui também, que a Olea europaea sendo uma espécie característica do clima Mediterrâneo está espalhada por todo o mundo, dada a sua rusticidade aliada aos benefícios da sua exploração e multiplicação. Desde os tempos ancestrais – a origem desta cultura remonta a 4000-3000 anos a.C., na zona da Palestina – que o fruto da oliveira era consumido na dieta alimentar sob a forma de azeite ou em fresco sob a forma de azeitona previamente conservada em salmoura, bem como para fabrico de óleos essenciais.
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A Oliveira era considerada símbolo de sabedoria, paz,abundância e glória. Desde tempos remotos, esteve sempre aliada a manifestações, tradições e práticas religiosas, culturais, gastronómicas e medicinais. “Conta-se “ que na Grécia Antiga, as mulheres quando pretendiam engravidar,sentavam-se à sombra das oliveiras durante longos períodos.
Os Egípcios, há cerca de 6 mil anos, atribuíam a uma mulher o mérito de ensinar a cultivar a oliveira. Essa mulher era Ísis casada com Osíris.
No nosso País, no sec. XIII começa então o azeite a ter interesse económico. Mais tarde, são as ordens religiosas, as grandes revitalizadoras da nossa Agricultura, que irão dedicar particular empenho no fabrico do azeite “ Óleo Sagrado”, que virá a ter reflexos no desenvolvimento económico dos conventos, nomeadamente Santa Cruz de Coimbra, Mosteiro de Alcobaça e outras Ordens.
1.Descrição Botânica
A oliveira, Olea europaea L., pertence à Família Oleaceae, que engloba várias espécies de plantas desta Família, disseminadas pelas regiões tropicais e temperadas do Mundo.
Existem cerca de 35 espécies do Género Olea, incluindo a da espécie Olea europaea L. Dada as diferentes correntes de opinião relativamente à subclassificação dentro da espécie, geralmente considera-se a oliveira cultivada pertencente à subespécie sativa e as oliveiras silvestres à subespécie sylvestris.
A Olea europaea L., a oliveira é a única espécie da família Oleacea com fruto comestível.
1.1 Breve descrição morfológica
-Árvore de tamanho mediano, que poderá atingir 8m ou mais, segundo a variedade e de grande longevidade. (existem árvores centenárias).
- O tronco é robusto com bolsas, que lhe imprimem o aspecto tortuoso e com coloração verde a verde acinzentado.
- Copa redonda ou lobulada, com ramificação natural muito densa, daí os diversos tipos de poda serem benéficos, para aliviar a copa e permitir o arejamento e a penetração da luz solar.
- As características enunciadas bem como o porte, são variáveis em função davariedade ou cultivar.
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- Nota-se um polimorfismo na oliveira, devido à existência de fase adulta e juvenil. Esta diferenciação manifesta-se não só na capacidade reprodutora – fase adulta – como maior equilíbrio entre a parte aérea e radicular.
Também são notórias as diferenças morfológicas a nível foliar e ramos. Nos ramos jovens o entre – nós são mais curtos, pois trata-se da fase de crescimento e formação (fase juvenil) que poderá segundo alguns autores ter como limite o sétimo ano.
- A Folha – Perene. Pode permanecer na árvore 3 ou mais anos, nunca perde as folhas totalmente (semidecídua).
-Simples, limbo com forma lanceolada e inteira. No limbo a nervura principal apresenta-se mais acentuada e as secundárias pouco aparentes, pecíolo curto.
- A dimensão varia entre 3 a 8 cms por 1 a 2,5 cms. Quanto à coloração, na pagina superior verde-escuro e com brilho devido à existência de uma cutícula espessa, na página inferior apresenta coloração prateada com pubescência.
- A inflorescência – Desenvolve-se na axila das folhas dos nós do crescimento vegetativo do ano anterior à floração.
A forma da inflorescência é paniculada, com eixo central do qual saem ramificações, que poderão emitir outras. Cada inflorescência pode conter entre 10 a 40 flores, variando em função dos factores variedade, abióticos e fisiológicos.
Tem dois tipos de flores: perfeitas e imperfeitas. As perfeitas são hermafroditas ou bissexuadas, compostas por estames e pistilo bem desenvolvidos.
As imperfeitas, estaminíferas ou masculinas têm o ovário rudimentar ou ausente, como consequência não podem originar formação de fruto.
A proporção de flores estaminíferas assim como o nº de flores por inflorescências, varia em função da variedade e do ano de produção, pode chegar aos 50%.
Flor
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Tamanho pequeno, com simetria radial ou regular (actinomorfas). O cálice em forma de pequeno tubo em forma de campânula, branco esverdeado que continua fixo à base do ovário, depois da queda das pétalas. A corola é formada por quatro pétalas brancas ou branco-amarelada.
Fruto
Botânicamente o fruto (azeitona) é uma drupa, com uma só semente.
Composição do fruto; Água (70 a 75% do total da polpa); substâncias gordas (17 a 20 %); açucares frutose e sacarose (3 a 6 % da polpa); ácidos cítrico málico e outros; tanino (1,5 a 2% polpa) -substâncias corantes, substâncias minerais.
Variedade GALEGA
A polinização bem como a fecundação são essenciais para a formação do fruto. Na Olea europaea, também se verifica a existência de frutos de origem partenocárpica, não beneficiam da polinização, estes identificam-se pela sua menor dimensão relativamente aos frutos normais e com forma mais achatada. Não têm qualquer valor económico e caem precocemente.
O fruto é constituído por:
- Endocarpo (constituído por células lenhificadas), parte interior que envolve uma só semente (amêndoa)
-Mesocarpo (polpa) – Carnudo e rico em células parenquimáticas com concentração do azeite nos vacúolos, das células.
-Exocarpo ou epicarpo, parte exterior do fruto, de cores variáveis em função das cultivares e do grau de maturação.
As zonas mencionadas, no seu conjunto constituem o pericarpo, tendo como origem as paredes do ovário.
Possui a forma elipsoidal a globulosa, com cerca 1 a 4 cms medido na longitudinal e 0.6 a 2cms de diâmetro.
Entre variedades de fruto pequeno temos a Galega e a Arbequina e frutos grandes “ Conserva de Elvas”“ Gordal de Sevilha” “Bical de Castelo Branco”.
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Relativamente a variedade Galega, iremos resumidamente focar a sua exploração nas Terras de Sicó.
Variedade Galega e a sua expansão a nível da Região Sicó
Galega – Também chamada galega miúda acuminada, galego miúdo,negrão, negroa.
Difere da variedade Cercial
por apresentar o fruto menor e com ápice acuminado.
Foto: A. Santinho – DRAPC
Em terrenos férteis adquire grande porte.
Sendo a Olea europaea – variedade Galega uma árvore tradicionalmente de sequeiro, agradece alguma água em períodos críticos, como na fecundação das flores, lenhificação do caroço e o engrossar da fruta, o que representa uma mais valia em termos económicos.
Muito rústica, dá fruto com azeite de boa qualidade, quando submetida a um correcto sistema de produção. (tratamentos fitossanitários, fertilizações pontuais, podas, etc.). Evidencia alguma resistência à mosca da azeitona e tuberculose.
Solo
Relativamente a este factor, esta cultivar prefere solos graníticos e xistosos, de textura relativamente finas, francos, calcareo – sílico-argilosos ou argilo-silico-calcáreos.
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Solos profundos, permeáveis, para proporcionarem uma melhor penetração das
raízes em busca da humidade e com capacidade de retenção, mas um ponto
fundamental é existir uma boa drenagem.
É extremamente importante, quando da instalação do olival, o estudo dascondições pedológicas (análise do perfil). Observação da existência de algum horizonte geológico impermeável ou alguma camada freática na zona radicular.
De igual modo atender ao declive e aos efeitos de possível erosão. Verificar ainda a existência de material lenhoso de culturas anteriores, possíveis transmissores de organismos patogénicos, causados por fungos do Género Armillaria mellea, Rosellinia necatrix (Hart.) e Phytophtora spp, que põem em
causa o êxito da plantação.
Como sabemos que a instalação de um olival é um investimento a longo prazo, há que o planear cuidadosamente.
As análises do solo são fundamentais, pH, salinidade, excesso de sódio e toxicidade por boro e cloretos. Os valores desejáveis em pH oscilam entre 6,0 a
7,0.
As correcções das propriedades físicas e químicas do solo quando efectuadas, devem ser generalizadas a todo o terreno e antes da plantação. Nos terrenos calcários, a Oliveira é mais resistente às doenças e as azeitonas dão origem a azeites mais finos.
Terrenos com grau elevado de fertilidade e ricos em matéria orgânica,determinam maior produção, mas o produto final (azeite) é de má qualidade. Devido a má prática do varejamento, também se torna mais vulnerável à ferrugem e tuberculose
Poda de manutenção ou conservação
Esta prática é de grande importância, como contributo para o normal desenvolvimento do olival em termos técnicos e económicos. No entanto, observa-se em casos pontuais especialmente no pequeno olival da exploração familiar, caso concreto da nossa zona de minifúndio, que esta operação só se verifica quando existe um ano em que a galega “carrega”, ano de safra.
Verificamos também que as recomendações básicas para esta operação não são
totalmente seguidas, tais como:
- Facilitar o arejamento da copa, contribuindo também para uma maior penetração da luz.
-Regularizar a frutificação, a oliveira frutifica nos ramos de segundo ano. Os ramos frutíferos têm mais produção, quanto mais pendentes ou horizontais se encontrarem.
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-Os ramos verticais dão mais vara do que fruto e consomem a seiva direccionada para os primeiros. (frutíferos).
-Quando os ramos frutíferos são em grande número, há competição acesa que determina um enfraquecimento generalizado.
Os frutos ficam pequenos com reflexo na fraca produção de azeite, determinando a alternância na produção (produção de 2 em 2 anos), devido a um ano de repouso para se restabelecer para nova frutificação.
Outro factor que interfere na safra e contra safra é sem dúvida a operação do varejamento ou varejo, em que durante a sua execução são danificados os ramos que iriam frutificar no ano seguinte, comprometendo a produção e resultando assim a contra-safra.
Não tendo fruto e possuindo os elementos do solo à disposição revigora e emitenovos lançamentos e segue-se assim um ano novamente de safra.
Embora estejamos em pleno Sec.XXI, existem conceitos que prevalecem como os conselhos do Eng. Agrónomo Pinto Bravo (A Oliveira-1949)
«A produção e a grandeza são tão maiores quanto mais aproximadas do tronco principal. Cortai os ramos próximos do tronco deixando uns troços de 50cms, destes nascerão novas rebentações vigorosas que escolhereis os melhores e bem posicionados para formarem uma copa em taça, de forma que esta receba ar no interior e luz superiormente.
Não tenhais medo de o fazer porque em breve as oliveiras estarão renovadas.
Não o façais todas no mesmo ano, mas sucessivamente todos os anos para haver equilíbrio na produção.
Varejai se for necessário, com carinho de dentro para fora, ao correr dos ramos para não os partir.
Para vos citar a vantagem da poda, cito-vos um pequeno provérbio:
-Lavrando um olival pede-se -lhe que dê fruto
-Estrumando -o· suplica -se -lhe
-Podando bem força – se a produzir
Realidades e estrangulamentos desta cultura nesta região.
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Sendo uma cultura conhecida pela sua rusticidade, levou o Agricultor a instalaros seus olivais ou oliveiras isoladas em terrenos com menos aptidão agrícola e de sequeiro.
Ainda hoje se verifica a existência de oliveiras como bordadura a delimitar a parcela.
Quando o solo era de melhor qualidade, já se consociava com outras culturas, como cereais (aveia, milharada, pastagens e até hortícolas (batata temporã) leguminosas (chícharo, fava etc.).
Como a oliveira é bastante exigente em Potássio Fósforo e Boro, era beneficiado com o adubo composto (1.2.2. ou 1.1.1.) utilizado muitas vezes por hábito ou tradição. Por outro lado o azoto era aplicado no início da Primavera. Quando havia exagero na dosagem, reflectia-se mais tarde na maturação da azeitona e numa maior susceptibilidade a determinados agentes patogénicos. Atualmente, já se verifica uma maior predisposição para os tratamentos fitossanitário especialmente para a (Dacus olea) mosca e (Gloesporium olivarum) gafa, pois os efeitos reflectem-se com evidência, na melhoria das qualidade e quantidade de azeite produzido.
Assim as fertilizações não eram específicas para o olival mas sim por via indirecta, incluindo as adubações em verde (siderações). Como se efectuavam mobilizações do solo antes das plantações, recorria-se à mecanização para efectuar a lavoura e a fresagem, em detrimento da gradagem cruzada, indo interferir negativamente sobre o sistema radicular (vulgarmente designadas por “pastadeiras”) raízes adventícias localizadas mais superficialmente responsáveis pela absorção dos nutrientes do solo para a planta e ainda contribuindo para alteração das estruturas do solo.
Na década de 90 assistiu-se ao arranque de muitas e grandes parcelas de olival de variedade galega, diminuindo assim a área de implantação desta cultivar. Os motivos que levaram a esta acção deve-se segundo constatámos:
-Desertificação de algumas zonas marginais, nos Concelhos de implantação e confinantes como Miranda do Corvo, Lousã, devido ao êxodo dos jovens para os grandes centros, onde tinham a sua actividade laboral que lhes proporcionava um maior desenvolvimento socioeconómico.
-Divisão acentuada da propriedade (zona de minifúndio), que dificultava/a mecanização.
-Plantações antigas e desordenadas, cuja recuperação se tornava onerosa.
-Transmissão de propriedades com vários herdeiros.
-Envelhecimento e escassez da mão-de-obra
- Aumento geográfico dos Concelhos traduzido por instalação de prédios urbanos em zonas vocacionadas à agricultura.
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-Outras reestruturadas com novas variedades, mas que tinham ser dotadas de água de rega, através de projecto, etc.
- Na época da colheita, mão-de-obra escassa e cara, cujo rendimento em azeite não compensava o investimento da colheita, dado a quantidade e qualidade do azeite.
- A apanha mecânica (por vibração) para esta variedade está para já fora de questão, dado os condicionalismos existentes, nomeadamente o difícil desprendimento do fruto bem como a maturação não ser homogénea. Ter-se-ia de efectuar faseadamente, o que tornava uma acção incomportável
economicamente.
-Investimento grande em máquinas específicas, só suportáveis por Associações.
- Sob o ponto de vista sanitário, dado o grande porte que a oliveira atingia os tratamentos não se realizavam.
-Actualmente graças à instalação de novos olivais, já existe uma maior sensibilidade, pois verificam os benefícios de um método de produção racional. Sendo uma cultura protegida, o olival só poderá ser arrancado se o Proprietário estiver autorizado conforme o estipulado pelo D. Lei nº 120/86.
CULTURAS PERMANENTES DA REGIÃO
- A implantação do olival
SICÓ FRUTOS
SECOS
OLIVAL VINHA Outras
Culturas
TOTAL
Explorações 287 8 143 8 973 2 336 10 810
Área (há) 68 7 537 2 674 329 10 608
Fonte:INE -Rec.Geral 1999
Analisando os dados referenciados, verificamos que entre as culturas
permanentes o olival ocupa cerca de 71% da área agrícola enquanto a vinha se
estima em cerca de 25%.
RELATIVAMENTE às culturas temporárias (segundo a mesma fonte) as que mais
se destacam, são as culturas forrageiras e as de cereais para grão.
MÉTODOS DE MULTIPLICAÇÃO
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Embora existam outros métodos de propagação da Oliveira Galega, como: Estaca lenhosa, que consiste no enraizamento de ramos do material lenhoso mais velho, colhido na época de contra safra, possuem mais reservas nutritivas, com cerca de 2 a 6 cms de diâmetro e cerca de 30 a 40 cms de comprimento,colocados no local definitivo.
-Também temos conhecimento (junto dos Produtores de material de viveiro), da tentativa de propagação através de estacas herbáceas com cerca de um palmo de comprimento (20cms), com 4 a 5 folhas, previamente tratadas com auxinas, colocadas em substrato com perlite e vermiculite, em banca de cimento aquecida, instalada em estufa. A dotação hídrica era efectuada por nebulização
intermitente. Não houve sucesso com esta metodologia de propagação na variedade galega.
-Vamos então encontrar a propagação da galega por processos tradicionais. Este tipo de propagação actualmente, está limitado a um número reduzido de Produtores. Método efectuado por pessoas mais idosas, que preenchiam os seus dias de Inverno, preparando a “toiça” cuidadosamente com ajuda de uma serra e machado. Trabalho moroso, com alguma sensibilidade e saber. Devido a estes
condicionalismos o nº de plantas produzidas era bastante diminuto relativamente à procura.
No entanto estamos a assistir ao ressurgimento deste tipo de propagação, já que temos jovens na actividade que com o apoio da experiência e saber fazer dos mais velhos, aliada à grande procura da oliveira Galega estão a começar a desenvolver um grande trabalho no sector.
Metodologia da propagação por”Toiça” ou “Touça”
A “toiça” parte subterrânea (Fig.1), com bastantes tumefacções pródigas em substâncias de reserva é fragmentada. Em seguida com ajuda de serra de mesa (foto 2) é cortada em pequenos cubos
com 3 a 4 gomos cada.
Fig.1 Fig.2
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Fotos F. Franca
Fig.3 Fig.4-Parte utilizada
Estes cubos (fig.3) ou são colocados em viveiro ao ar livre em Fevereiro/Março, a cerca de 8-10cms de profundidade, ou então em vaso com substrato em estufa.
Associação de Olivicultores da Serra de Sicó
Caracterização do Azeite do Sicó
Azeite obtido do fruto da Olea europea L., variedade Galega por processos unicamente mecânicos, colhidas nos olivais da Região de Sicó com um máximo acidez de 0,8% para o azeite virgem extra e 1,5% para o azeite virgem. São azeites ligeiramente espessos, muito frutados, com cor amarela ouro, por vezes ligeiramente esverdeada, com um sabor e qualidade organoléptica inigualável.
A Associação de Produtores Olivisicó, com sede em Ansião, possui cerca de 240 agricultores associados e uma mancha de olival bastante significativa nos oito mil hectares daquela zona.
Ainda existem lagares tradicionais alguns já objecto de reconstrução e outros dotados com as
novas tecnologias do fabrico do azeite.
Actualmente o nº é diminuto, relativamente ao passado. De linha contínua, segundo informação, existem dois lagares na zona de Ansião e um no Concelho de Penela.
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Recentemente os produtores engarrafadores, colocam no mercado azeite biológico certificado, com controlo de qualidade.
Quanto ao escoamento deste produto, constata-se uma grande comercialização directamente a particulares sob a forma de azeite e de azeitona para conserva e a empresas engarrafadoras.
O mercado da “saudade” para Países onde a emigração é uma realidade é um veículo de expansão para outros Países, nomeadamente Brasil.
Março de 2010
Maria Fernanda Oliveira da Franca
A azeitona Galega é hoje, a mais procurada em termos
Com a sua devida autorização publicamos vários artigos de sua autoria.
A Oliveira - a sua distribuição geografica
Esta cultura milenar, teve a sua origem geográfica num imenso território que vai desde o Sul do Cáucaso até às planícies do Irão, Palestina e zona costeira da Síria. Estendeu-se por Chipre até à Anatólia e através de Creta até ao Egipto, povoando todos os Países da costa Mediterrânica.
Com a descoberta da América, alargou a sua expansão pelo Novo Mundo, cultivando-se também actualmente na África do Sul, China, Japão e Austrália.
O habitat da Olea europaea, tem a sua concentração entre as latitudes 30º a 45 º em ambos os hemisférios Norte e Sul, nas regiões eminentemente de clima Mediterrânico, em que prevalece um clima ameno com realce para a época estival quente e seca.
Relativamente ao panorama oleícola no Mundo, estima-se a existência de aproximadamente 820 milhões de oliveiras, sendo 98% localizado na costa Mediterrânica, ocupando uma área de cerca de 8,2 milhões de hectares (COI,1995).
Embora existam, segundo a mesma fonte, cerca de 50 milhões de oliveiras que beneficiam de água de rega, conclui-se que os restantes se cultivam em sequeiro.
Todavia, apesar de se obter uma média anual de produção na ordem dos dez milhões de toneladas, cerca de 90% se destinam à produção de azeite e os restantes 10%, consumidos sob a forma de azeitona de mesa. Daqui se conclui também, que a Olea europaea sendo uma espécie característica do clima Mediterrâneo está espalhada por todo o mundo, dada a sua rusticidade aliada aos benefícios da sua exploração e multiplicação. Desde os tempos ancestrais – a origem desta cultura remonta a 4000-3000 anos a.C., na zona da Palestina – que o fruto da oliveira era consumido na dieta alimentar sob a forma de azeite ou em fresco sob a forma de azeitona previamente conservada em salmoura, bem como para fabrico de óleos essenciais.
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A Oliveira era considerada símbolo de sabedoria, paz,abundância e glória. Desde tempos remotos, esteve sempre aliada a manifestações, tradições e práticas religiosas, culturais, gastronómicas e medicinais. “Conta-se “ que na Grécia Antiga, as mulheres quando pretendiam engravidar,sentavam-se à sombra das oliveiras durante longos períodos.
Os Egípcios, há cerca de 6 mil anos, atribuíam a uma mulher o mérito de ensinar a cultivar a oliveira. Essa mulher era Ísis casada com Osíris.
No nosso País, no sec. XIII começa então o azeite a ter interesse económico. Mais tarde, são as ordens religiosas, as grandes revitalizadoras da nossa Agricultura, que irão dedicar particular empenho no fabrico do azeite “ Óleo Sagrado”, que virá a ter reflexos no desenvolvimento económico dos conventos, nomeadamente Santa Cruz de Coimbra, Mosteiro de Alcobaça e outras Ordens.
1.Descrição Botânica
A oliveira, Olea europaea L., pertence à Família Oleaceae, que engloba várias espécies de plantas desta Família, disseminadas pelas regiões tropicais e temperadas do Mundo.
Existem cerca de 35 espécies do Género Olea, incluindo a da espécie Olea europaea L. Dada as diferentes correntes de opinião relativamente à subclassificação dentro da espécie, geralmente considera-se a oliveira cultivada pertencente à subespécie sativa e as oliveiras silvestres à subespécie sylvestris.
A Olea europaea L., a oliveira é a única espécie da família Oleacea com fruto comestível.
1.1 Breve descrição morfológica
-Árvore de tamanho mediano, que poderá atingir 8m ou mais, segundo a variedade e de grande longevidade. (existem árvores centenárias).
- O tronco é robusto com bolsas, que lhe imprimem o aspecto tortuoso e com coloração verde a verde acinzentado.
- Copa redonda ou lobulada, com ramificação natural muito densa, daí os diversos tipos de poda serem benéficos, para aliviar a copa e permitir o arejamento e a penetração da luz solar.
- As características enunciadas bem como o porte, são variáveis em função davariedade ou cultivar.
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- Nota-se um polimorfismo na oliveira, devido à existência de fase adulta e juvenil. Esta diferenciação manifesta-se não só na capacidade reprodutora – fase adulta – como maior equilíbrio entre a parte aérea e radicular.
Também são notórias as diferenças morfológicas a nível foliar e ramos. Nos ramos jovens o entre – nós são mais curtos, pois trata-se da fase de crescimento e formação (fase juvenil) que poderá segundo alguns autores ter como limite o sétimo ano.
- A Folha – Perene. Pode permanecer na árvore 3 ou mais anos, nunca perde as folhas totalmente (semidecídua).
-Simples, limbo com forma lanceolada e inteira. No limbo a nervura principal apresenta-se mais acentuada e as secundárias pouco aparentes, pecíolo curto.
- A dimensão varia entre 3 a 8 cms por 1 a 2,5 cms. Quanto à coloração, na pagina superior verde-escuro e com brilho devido à existência de uma cutícula espessa, na página inferior apresenta coloração prateada com pubescência.
- A inflorescência – Desenvolve-se na axila das folhas dos nós do crescimento vegetativo do ano anterior à floração.
A forma da inflorescência é paniculada, com eixo central do qual saem ramificações, que poderão emitir outras. Cada inflorescência pode conter entre 10 a 40 flores, variando em função dos factores variedade, abióticos e fisiológicos.
Tem dois tipos de flores: perfeitas e imperfeitas. As perfeitas são hermafroditas ou bissexuadas, compostas por estames e pistilo bem desenvolvidos.
As imperfeitas, estaminíferas ou masculinas têm o ovário rudimentar ou ausente, como consequência não podem originar formação de fruto.
A proporção de flores estaminíferas assim como o nº de flores por inflorescências, varia em função da variedade e do ano de produção, pode chegar aos 50%.
Flor
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Tamanho pequeno, com simetria radial ou regular (actinomorfas). O cálice em forma de pequeno tubo em forma de campânula, branco esverdeado que continua fixo à base do ovário, depois da queda das pétalas. A corola é formada por quatro pétalas brancas ou branco-amarelada.
Fruto
Botânicamente o fruto (azeitona) é uma drupa, com uma só semente.
Composição do fruto; Água (70 a 75% do total da polpa); substâncias gordas (17 a 20 %); açucares frutose e sacarose (3 a 6 % da polpa); ácidos cítrico málico e outros; tanino (1,5 a 2% polpa) -substâncias corantes, substâncias minerais.
Variedade GALEGA
A polinização bem como a fecundação são essenciais para a formação do fruto. Na Olea europaea, também se verifica a existência de frutos de origem partenocárpica, não beneficiam da polinização, estes identificam-se pela sua menor dimensão relativamente aos frutos normais e com forma mais achatada. Não têm qualquer valor económico e caem precocemente.
O fruto é constituído por:
- Endocarpo (constituído por células lenhificadas), parte interior que envolve uma só semente (amêndoa)
-Mesocarpo (polpa) – Carnudo e rico em células parenquimáticas com concentração do azeite nos vacúolos, das células.
-Exocarpo ou epicarpo, parte exterior do fruto, de cores variáveis em função das cultivares e do grau de maturação.
As zonas mencionadas, no seu conjunto constituem o pericarpo, tendo como origem as paredes do ovário.
Possui a forma elipsoidal a globulosa, com cerca 1 a 4 cms medido na longitudinal e 0.6 a 2cms de diâmetro.
Entre variedades de fruto pequeno temos a Galega e a Arbequina e frutos grandes “ Conserva de Elvas”“ Gordal de Sevilha” “Bical de Castelo Branco”.
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Relativamente a variedade Galega, iremos resumidamente focar a sua exploração nas Terras de Sicó.
Variedade Galega e a sua expansão a nível da Região Sicó
Galega – Também chamada galega miúda acuminada, galego miúdo,negrão, negroa.
Difere da variedade Cercial
por apresentar o fruto menor e com ápice acuminado.
Foto: A. Santinho – DRAPC
Em terrenos férteis adquire grande porte.
Sendo a Olea europaea – variedade Galega uma árvore tradicionalmente de sequeiro, agradece alguma água em períodos críticos, como na fecundação das flores, lenhificação do caroço e o engrossar da fruta, o que representa uma mais valia em termos económicos.
Muito rústica, dá fruto com azeite de boa qualidade, quando submetida a um correcto sistema de produção. (tratamentos fitossanitários, fertilizações pontuais, podas, etc.). Evidencia alguma resistência à mosca da azeitona e tuberculose.
Solo
Relativamente a este factor, esta cultivar prefere solos graníticos e xistosos, de textura relativamente finas, francos, calcareo – sílico-argilosos ou argilo-silico-calcáreos.
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Solos profundos, permeáveis, para proporcionarem uma melhor penetração das
raízes em busca da humidade e com capacidade de retenção, mas um ponto
fundamental é existir uma boa drenagem.
É extremamente importante, quando da instalação do olival, o estudo dascondições pedológicas (análise do perfil). Observação da existência de algum horizonte geológico impermeável ou alguma camada freática na zona radicular.
De igual modo atender ao declive e aos efeitos de possível erosão. Verificar ainda a existência de material lenhoso de culturas anteriores, possíveis transmissores de organismos patogénicos, causados por fungos do Género Armillaria mellea, Rosellinia necatrix (Hart.) e Phytophtora spp, que põem em
causa o êxito da plantação.
Como sabemos que a instalação de um olival é um investimento a longo prazo, há que o planear cuidadosamente.
As análises do solo são fundamentais, pH, salinidade, excesso de sódio e toxicidade por boro e cloretos. Os valores desejáveis em pH oscilam entre 6,0 a
7,0.
As correcções das propriedades físicas e químicas do solo quando efectuadas, devem ser generalizadas a todo o terreno e antes da plantação. Nos terrenos calcários, a Oliveira é mais resistente às doenças e as azeitonas dão origem a azeites mais finos.
Terrenos com grau elevado de fertilidade e ricos em matéria orgânica,determinam maior produção, mas o produto final (azeite) é de má qualidade. Devido a má prática do varejamento, também se torna mais vulnerável à ferrugem e tuberculose
Poda de manutenção ou conservação
Esta prática é de grande importância, como contributo para o normal desenvolvimento do olival em termos técnicos e económicos. No entanto, observa-se em casos pontuais especialmente no pequeno olival da exploração familiar, caso concreto da nossa zona de minifúndio, que esta operação só se verifica quando existe um ano em que a galega “carrega”, ano de safra.
Verificamos também que as recomendações básicas para esta operação não são
totalmente seguidas, tais como:
- Facilitar o arejamento da copa, contribuindo também para uma maior penetração da luz.
-Regularizar a frutificação, a oliveira frutifica nos ramos de segundo ano. Os ramos frutíferos têm mais produção, quanto mais pendentes ou horizontais se encontrarem.
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-Os ramos verticais dão mais vara do que fruto e consomem a seiva direccionada para os primeiros. (frutíferos).
-Quando os ramos frutíferos são em grande número, há competição acesa que determina um enfraquecimento generalizado.
Os frutos ficam pequenos com reflexo na fraca produção de azeite, determinando a alternância na produção (produção de 2 em 2 anos), devido a um ano de repouso para se restabelecer para nova frutificação.
Outro factor que interfere na safra e contra safra é sem dúvida a operação do varejamento ou varejo, em que durante a sua execução são danificados os ramos que iriam frutificar no ano seguinte, comprometendo a produção e resultando assim a contra-safra.
Não tendo fruto e possuindo os elementos do solo à disposição revigora e emitenovos lançamentos e segue-se assim um ano novamente de safra.
Embora estejamos em pleno Sec.XXI, existem conceitos que prevalecem como os conselhos do Eng. Agrónomo Pinto Bravo (A Oliveira-1949)
«A produção e a grandeza são tão maiores quanto mais aproximadas do tronco principal. Cortai os ramos próximos do tronco deixando uns troços de 50cms, destes nascerão novas rebentações vigorosas que escolhereis os melhores e bem posicionados para formarem uma copa em taça, de forma que esta receba ar no interior e luz superiormente.
Não tenhais medo de o fazer porque em breve as oliveiras estarão renovadas.
Não o façais todas no mesmo ano, mas sucessivamente todos os anos para haver equilíbrio na produção.
Varejai se for necessário, com carinho de dentro para fora, ao correr dos ramos para não os partir.
Para vos citar a vantagem da poda, cito-vos um pequeno provérbio:
-Lavrando um olival pede-se -lhe que dê fruto
-Estrumando -o· suplica -se -lhe
-Podando bem força – se a produzir
Realidades e estrangulamentos desta cultura nesta região.
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Sendo uma cultura conhecida pela sua rusticidade, levou o Agricultor a instalaros seus olivais ou oliveiras isoladas em terrenos com menos aptidão agrícola e de sequeiro.
Ainda hoje se verifica a existência de oliveiras como bordadura a delimitar a parcela.
Quando o solo era de melhor qualidade, já se consociava com outras culturas, como cereais (aveia, milharada, pastagens e até hortícolas (batata temporã) leguminosas (chícharo, fava etc.).
Como a oliveira é bastante exigente em Potássio Fósforo e Boro, era beneficiado com o adubo composto (1.2.2. ou 1.1.1.) utilizado muitas vezes por hábito ou tradição. Por outro lado o azoto era aplicado no início da Primavera. Quando havia exagero na dosagem, reflectia-se mais tarde na maturação da azeitona e numa maior susceptibilidade a determinados agentes patogénicos. Atualmente, já se verifica uma maior predisposição para os tratamentos fitossanitário especialmente para a (Dacus olea) mosca e (Gloesporium olivarum) gafa, pois os efeitos reflectem-se com evidência, na melhoria das qualidade e quantidade de azeite produzido.
Assim as fertilizações não eram específicas para o olival mas sim por via indirecta, incluindo as adubações em verde (siderações). Como se efectuavam mobilizações do solo antes das plantações, recorria-se à mecanização para efectuar a lavoura e a fresagem, em detrimento da gradagem cruzada, indo interferir negativamente sobre o sistema radicular (vulgarmente designadas por “pastadeiras”) raízes adventícias localizadas mais superficialmente responsáveis pela absorção dos nutrientes do solo para a planta e ainda contribuindo para alteração das estruturas do solo.
Na década de 90 assistiu-se ao arranque de muitas e grandes parcelas de olival de variedade galega, diminuindo assim a área de implantação desta cultivar. Os motivos que levaram a esta acção deve-se segundo constatámos:
-Desertificação de algumas zonas marginais, nos Concelhos de implantação e confinantes como Miranda do Corvo, Lousã, devido ao êxodo dos jovens para os grandes centros, onde tinham a sua actividade laboral que lhes proporcionava um maior desenvolvimento socioeconómico.
-Divisão acentuada da propriedade (zona de minifúndio), que dificultava/a mecanização.
-Plantações antigas e desordenadas, cuja recuperação se tornava onerosa.
-Transmissão de propriedades com vários herdeiros.
-Envelhecimento e escassez da mão-de-obra
- Aumento geográfico dos Concelhos traduzido por instalação de prédios urbanos em zonas vocacionadas à agricultura.
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-Outras reestruturadas com novas variedades, mas que tinham ser dotadas de água de rega, através de projecto, etc.
- Na época da colheita, mão-de-obra escassa e cara, cujo rendimento em azeite não compensava o investimento da colheita, dado a quantidade e qualidade do azeite.
- A apanha mecânica (por vibração) para esta variedade está para já fora de questão, dado os condicionalismos existentes, nomeadamente o difícil desprendimento do fruto bem como a maturação não ser homogénea. Ter-se-ia de efectuar faseadamente, o que tornava uma acção incomportável
economicamente.
-Investimento grande em máquinas específicas, só suportáveis por Associações.
- Sob o ponto de vista sanitário, dado o grande porte que a oliveira atingia os tratamentos não se realizavam.
-Actualmente graças à instalação de novos olivais, já existe uma maior sensibilidade, pois verificam os benefícios de um método de produção racional. Sendo uma cultura protegida, o olival só poderá ser arrancado se o Proprietário estiver autorizado conforme o estipulado pelo D. Lei nº 120/86.
CULTURAS PERMANENTES DA REGIÃO
- A implantação do olival
SICÓ FRUTOS
SECOS
OLIVAL VINHA Outras
Culturas
TOTAL
Explorações 287 8 143 8 973 2 336 10 810
Área (há) 68 7 537 2 674 329 10 608
Fonte:INE -Rec.Geral 1999
Analisando os dados referenciados, verificamos que entre as culturas
permanentes o olival ocupa cerca de 71% da área agrícola enquanto a vinha se
estima em cerca de 25%.
RELATIVAMENTE às culturas temporárias (segundo a mesma fonte) as que mais
se destacam, são as culturas forrageiras e as de cereais para grão.
MÉTODOS DE MULTIPLICAÇÃO
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Embora existam outros métodos de propagação da Oliveira Galega, como: Estaca lenhosa, que consiste no enraizamento de ramos do material lenhoso mais velho, colhido na época de contra safra, possuem mais reservas nutritivas, com cerca de 2 a 6 cms de diâmetro e cerca de 30 a 40 cms de comprimento,colocados no local definitivo.
-Também temos conhecimento (junto dos Produtores de material de viveiro), da tentativa de propagação através de estacas herbáceas com cerca de um palmo de comprimento (20cms), com 4 a 5 folhas, previamente tratadas com auxinas, colocadas em substrato com perlite e vermiculite, em banca de cimento aquecida, instalada em estufa. A dotação hídrica era efectuada por nebulização
intermitente. Não houve sucesso com esta metodologia de propagação na variedade galega.
-Vamos então encontrar a propagação da galega por processos tradicionais. Este tipo de propagação actualmente, está limitado a um número reduzido de Produtores. Método efectuado por pessoas mais idosas, que preenchiam os seus dias de Inverno, preparando a “toiça” cuidadosamente com ajuda de uma serra e machado. Trabalho moroso, com alguma sensibilidade e saber. Devido a estes
condicionalismos o nº de plantas produzidas era bastante diminuto relativamente à procura.
No entanto estamos a assistir ao ressurgimento deste tipo de propagação, já que temos jovens na actividade que com o apoio da experiência e saber fazer dos mais velhos, aliada à grande procura da oliveira Galega estão a começar a desenvolver um grande trabalho no sector.
Metodologia da propagação por”Toiça” ou “Touça”
A “toiça” parte subterrânea (Fig.1), com bastantes tumefacções pródigas em substâncias de reserva é fragmentada. Em seguida com ajuda de serra de mesa (foto 2) é cortada em pequenos cubos
com 3 a 4 gomos cada.
Fig.1 Fig.2
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Fotos F. Franca
Fig.3 Fig.4-Parte utilizada
Estes cubos (fig.3) ou são colocados em viveiro ao ar livre em Fevereiro/Março, a cerca de 8-10cms de profundidade, ou então em vaso com substrato em estufa.
Associação de Olivicultores da Serra de Sicó
Caracterização do Azeite do Sicó
Azeite obtido do fruto da Olea europea L., variedade Galega por processos unicamente mecânicos, colhidas nos olivais da Região de Sicó com um máximo acidez de 0,8% para o azeite virgem extra e 1,5% para o azeite virgem. São azeites ligeiramente espessos, muito frutados, com cor amarela ouro, por vezes ligeiramente esverdeada, com um sabor e qualidade organoléptica inigualável.
A Associação de Produtores Olivisicó, com sede em Ansião, possui cerca de 240 agricultores associados e uma mancha de olival bastante significativa nos oito mil hectares daquela zona.
Ainda existem lagares tradicionais alguns já objecto de reconstrução e outros dotados com as
novas tecnologias do fabrico do azeite.
Actualmente o nº é diminuto, relativamente ao passado. De linha contínua, segundo informação, existem dois lagares na zona de Ansião e um no Concelho de Penela.
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Recentemente os produtores engarrafadores, colocam no mercado azeite biológico certificado, com controlo de qualidade.
Quanto ao escoamento deste produto, constata-se uma grande comercialização directamente a particulares sob a forma de azeite e de azeitona para conserva e a empresas engarrafadoras.
O mercado da “saudade” para Países onde a emigração é uma realidade é um veículo de expansão para outros Países, nomeadamente Brasil.
Março de 2010
Maria Fernanda Oliveira da Franca
A azeitona Galega é hoje, a mais procurada em termos
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