quarta-feira, agosto 29, 2018

O Coimbrinhas da actualidade

Uma analise interessante do poeta e Professor Carlos Carranca sobre os Coimbrinhas das novas gerações. Um homem da Lousã.
O ILUSTRE COIMBRINHA
O problema principal do "coimbrinha" é sê-lo. Olha para a Torre da Universidade e diz "ainda está lá no cimo, estamos protegidos pela divina graça da ilustração". Vive como se a cidade fosse o universo e a Universidade o seu centro. Tudo gira à sua volta. 
O problema do " coimbrinha" é que é uma raça danada que leva e tráz e não acrescenta em valor, mas em doutores. Exibe erudição e retórica mas tem dificuldade em demonstrar hoje que sabe pensar. 
O problema do "coimbrinha" é conviver em português mas preferir línguas mortas.
E está convencido que se fala mais correctamente em Coimbra que nas outras cidades do país. 
O problema do "coimbrinha" é que perdeu o país e não ganhou a cidade. 
O problema do "coimbrinha" é que desenraizou e já não há adubo que lhe valha. Está perdido de si mesmo e não conhece a história contemporânea da cidade que habita.
O problema do "coimbrinha" é, faça o que fizer, nunca se comprometer. O problema do "coimbrinha" é que deixou há sessenta anos demolir a Velha Alta, com a mesma irresponsabilidade como deixa hoje a Baixa.
O problema do "coimbrinha" é que é escolástico sem ter tido escola. 
O problema do "coimbrinha" está em viver dos pergaminhos mas desconhecer a respiração da cidade. 
O problema do "coimbrinha" confunde-se perigosamente com o que resta do espírito do lugar.
Mas, felizmente, há excepções que habitam a cidade e lhe emprestam a luz que foi perdendo e não são "coimbrinhas " e acredito que sejam muitas.
Carlos Carranca
28.8.2018