terça-feira, maio 08, 2007

Autarca sente-se perseguido e discriminado

Presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares há 33 anos, Jaime Soares não está cansado da vida autárquica. Bem pelo contrário, mantém viva e acesa a chama da paixão pela sua terra. Todavia, reconhece o desgaste que daí advém, sobretudo motivado pela «perseguição» que lhe movem «alguns indivíduos», ligados ao PS, que «querem a minha destruição pessoal». Outra frente de batalha vive-a com o Governo, que acusa de «autista» e «sectário».
Diário de Coimbra (DC) – O que é que ao fim de mais de 30 anos à frente da Câmara de de Poiares continua a mobilizar Jaime Soares?
O que me mobiliza é a paixão. Sei que estou a pagar um tributo muito caro, porque estou há muitos anos num cargo que muita gente quer ocupar. A oposição não tem tido alternativas e os poiarenses assim o quiseram, pela confiança que têm comigo, pela empatia que fomos criando, pois não há quem consiga estar tantos anos no poder se não tiver uma aproximação grande com a população. Nasci aqui, fui aqui criado, julgo que tenho o espírito da raça poiarense e soube interpretar os seus sentimentos e paixões.
DC – Refere-se às críticas da oposição?
A oposição socialista de Poiares cria uma ambiência na discussão política, não em relação à gestão, mas ao homem, Jaime Soares. Não tenho dúvidas que alguns indivíduos queriam a minha destruição pessoal, porque tenho vindo a tapar-lhes o caminho para dirigirem os destinos de Poiares. Mas não acredito que na Câmara entre uma pessoa que não tenha um perfil e características adequadas à vontade dos poiarenses. Criámos uma forma de estar na governação autárquica vivida democraticamente, com respeito pela oposição. Mas em determinados momentos é dramático, é um tributo muito caro, tenho recebido os maiores enxovalhos. Basta ver alguns blogues.
DC – Que análise faz?
Há num blogue um diálogo onde dois indivíduos dizem: “o indivíduo quando morrer vai ter um grande funeral, vai levar as bandeiras todas, mas quero estar lá para ver se ele está mesmo morto”. Isto é bem demonstrativo da índole de alguns indivíduos. Sentimentos reais em quatro indivíduos que vivem em Poiares, cuja grande satisfação era verem-me destruído como homem. A razão do seu ódio prende-se com o facto de não lhes ter sustentado atitudes que prejudicariam o erário público e a população, para criar possibilidades do seu enriquecimento à custa de benesses da Câmara.
DC –Trata-se de perseguição
São mais de 500 folhas! Queixas infundadas de tudo quanto há, perseguição a tudo, onde tudo é medido, analisado, reanalisado. Felizmente, ao longo destes 30 anos, nunca fui condenado. Ou os processos foram arquivados ou fui absolvido. Mas isto é dramático!
DC – Sobretudo desgastante…
Muito desgastante. Viver sempre nesta pressão, só mesmo um homem com uma grande paixão. Continuo a ter vontade de trabalhar e de fazer, talvez até mais, porque a experiência permite-me desenvolver outras estratégias e pode dizer-se que Poiares hoje continua com um ritmo vivo de desenvolvimento.
DC - E o que falta fazer?
Já fizemos muita coisa, mas falta fazer muito. E garanto que, mesmo que a população duplique nos próximos 20 anos, algumas infra-estruturas têm capacidade de resposta.
DC – O quartel dos Bombeiros é uma das obras de vulto e promete ser um dos melhores da região.
Não tenho dúvidas. No passado, os quartéis assumiram uma componente social e cultural. Era entendível, pois não havia praticamente nada nas terras e o quartel era quase um centro cívico…
DC – Uma filosofia plenamente aplicada em Poiares.
Era o centro cívico, com teatro, cinema, também era uma forma de captar fundos para a sobrevivência dos bombeiros. Hoje o funcionamento e a administração dos bombeiros é e tem de ser diferente. Pode vir a ser um quartel central em termos estratégicos, que fica com um espaço subjacente, de cerca de 10 mil metros quadrados, onde pode ter heliporto e todo um conjunto de funcionalidades que podem ter um aproveitamento supra municipal.
DC – O actual quartel vai transformar-se em centro cultural…
Vai ser o ex-libris de Poiares. Quero deixar uma palavra de agradecimento aos bombeiros, que entenderam que era melhor para os bombeiros e que Poiares ganha muito mais com a adaptação do quartel a biblioteca, centro cultural, teatro, museu, salão de festas, escola de música, de teatro, uma infra-estrutura que vai marcar Poiares por muitas gerações.
DC – Em termos de empreitadas, há também o alargamento da zona industrial. Poiares é um concelho atractivo para os investidores?
É, só que sofre de um problema gravíssimo: as vias de comunicação. A estrada da Beira é o eixo fundamental para chegar a Poiares, Lousã, Miranda do Corvo e às vezes não entendo o silêncio dos meus colegas. Há dias vi inaugurações de pompa na Lousã e fico feliz por isso…
DC – E um conjunto de anúncios por parte do secretário de Estado. Qual é a sua análise?
Andamos há meses a pedir uma audiência ao governo. Isto é politicamente desonesto, porque um governante tem a responsabilidade de governar para todos os portugueses, sejam ou não da sua cor política.
DC – Sente-se discriminado?
Completamente discriminado! Esta governação socialista discrimina os autarcas do PSD, discrimina Poiares. Mas é injusto que se criem portugueses de primeira e portugueses de terceira, ou lousanenses de primeira e poiarenses de terceira. Não quero abrir e não abro um conflito com o presidente da Câmara da Lousã ou outro município que esteja a beneficiar desta dualidade de critérios.
DC – Voltando a questão das acessibilidades…
Há muito tempo que está previsto o arranque da ligação da Lousã à Estrada da Beira. São boas variantes, mas chegam à Estrada da Beira e entram num funil. Vale a pena gastar dinheiro para fazer isso? A ponte Rainha Santa Isabel é uma maravilha, mas com aquele dinheiro teriam sido feitas 10 pontes em Coimbra e uma Estrada da Beira que efectivamente servisse Miranda do Corvo, Lousã, Poiares, Góis e criaria uma aureola de desenvolvimento à volta de Coimbra. A Estrada da Beira é uma situação crítica, a loucura das marcações horizontais e verticais, que são um atentado à dignidade humana e uma inequívoca demonstração da incapacidade técnica deste país. Havia alternativas. A Câmara de Poiares apresentou um projecto, avaliado como bom, onde era possível em 8,9 quilómetros entre Poiares e Coimbra, num sentido e noutro, ficarem zonas para lentos e de ultrapassagem e nada disso se fez. É uma vergonha pela qual responsabilizo todos quantos a ela estiveram ligados.
DC – E a ligação ao IP3?
A ligação a Penacova, ao IP3, é um drama. Estamos com um projecto há 20 anos. São situações dramáticas, suficientes para se desistir se não fosse a vontade de fazer pela sua terra e pela sua região. Esta via vai beneficiar Lousã, Miranda, pois passaria por aqui a ligação ao IP3. Se não se consegue transformar o IP3 em auto-estrada até Viseu, devemos transformá-lo onde for possível, nomeadamente entre Trouxemil e Penacova, para absorver o trânsito que deriva para Norte, de Góis, Pampilhosa, Arganil, Lousã, Miranda do Corvo.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Jaime Soares sempre desancou (nos) e desmereceu dos seus antecessores na Presidência da Câmara, afirmando-se como homem providencial a quem tudo se deve.
Fez muito, é verdade.
Tinha obrigação para isso, porque teve fundos de várias procedências.
Mas agora não se pode queixar de que outros também digam mal dele - ensinou-lhes a "má língua".
Quem com ferros mata .....
Aguarda-se uma nova geração de Poiarenses com espírito de servir a sua terra, de ser justos para os anteriores e com vontade de consolidar, desenvolver e engrandecer o que foi feito ao longo de décadas.
O passado honra-se construindo o futuro.

16:53:00  
Anonymous Anónimo said...

Podem entrar uma nova geração, mas será que não irão ter sempre por trás o "velho" comandante.
Não irá ser fácil, mudar toda um máquina às quais as pessoas se habituaram e se moldaram.

17:42:00  
Anonymous Anónimo said...

Jaime Soares desancou em todos os presidentes de Câmara anteriores, Disse deles o que o vinho não diz do unto.
Ainda se lembram? Não ha muitos anos era uma vergonha aquilo que ele dizia do prof. Morais.
Assim não me incomoda nada que digam o que dizem do Jaime Soares.

20:17:00  
Anonymous Anónimo said...

O sr. autarca que se deixe de "ditos e mexericos" e comece a perocupar-se com a época de calor que se avizinha,ainda se lembram de 93? eu nunca mais esqueci,e receio que esteja tudo ao abandono...de qualquer maneira fomos nós que apagamos o outro...

14:05:00  

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