REGRESSO A UMA TERRA SEM REGRESSO
Um Post do Homem das tabernas de Penacova
Isto da mesmo que pensar
REGRESSO A UMA TERRA SEM REGRESSO
A impressão mais "dramática" que levo dos dias em que estive na
terra-mãe Penacova foi o crescente abandono dos campos que, um
pouco por toda a parte, sem distinção de aldeias, se verifica. Tudo
numa lenta agonia de silvas e matos, de silêncios, com exceções
que nem sempre confirmam uma regra sem retorno aparente.
Por cima das aldeias, pressentem-se mais fantasmas de pinheiros
e pinhais onde o vento soprou murmúrios que só os pinheiros
entendiam e entendem, serras com partes rotas, como se
fossem vestidas por trapos com buracos, roupa com defeito ou
má costura.
Nas aldeias cada vez menos hortas porque as hortas estão no
supermercado, mais gente a caminhar à noite, porque gorda,
de colesterol, de coração acelerado e os médicos a avisar
exercício físico e as receitas com linhas de medicamentos
empilhados ao balcão das farmácias.
Não se veem jovens porque estão presos aos computadores, às
consolas, ausentes dos campos porque os pais lhes explicaram
que não haveriam de sujar as mãos na castanha indignidade da
terra que, dizem, os oprimiu e afinal é da terra que tudo vem e
que com a passagem dos anos, o ciclo se fecha sem um vintém
de piedade sobre as vidas.
Não gosto desta "modernidade" que um pseudo-urbanismo mal
edificado trouxe à realidade. Não há discursos nem palavras
que apaguem as perdas ou disfarcem a pobreza galopante dos
dias e das vidas.Não há progresso sem um regresso à terra.
O tempo o confirmará, desde que não fique demasiado tarde!
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