terça-feira, novembro 30, 2010

Miguel Torga e a Moura Morta


O ano de 2007 será, certamente, recordado sob vários prismas, não sendo pois de estranhar que o mês de Dezembro seja marcado pelos resumos televisivos dos acontecimentos mais significativos ocorridos e que ficam para memória futura.
Esses resumos serão divididos por temáticas e áreas de interesse, algo a que os vários canais de televisão já nos habituaram e que passam pela política, seja ela nacional ou internacional, o desporto e a cultura.
Neste último caso será oportuno dizer e referir que 2007 foi o ano do centenário de Miguel Torga, nome do escritor que, enquanto figura humana, existia sob a forma do médico Adolfo Rocha.
O poeta e escritor Miguel Torga é uma figura que marca indiscutivelmente o panorama das letras, caracterizando-se por uma forma de escrever em que domina a capacidade descritiva do mundo que o rodeava.
Contudo, Miguel Torga viveu intensamente, por meio da sua escrita, a realidade beirã, fruto do exercício da sua profissão nestas terras e pelo gosto pela caça, actividade que o levou a percorrer as serranias do interior do País.
Mas não só as serras desta região mereceram a sua atenção, designadamente o Colcurinho; também o Vale do Alva, do qual se destaca a localidade de Avô, foram alvo da sua escrita.
Outras localidades e lugares houve com maior importância na sua obra literária como são os casos de: Barril de Alva, Cepos, Coja, Piódão, Ponte da Mucela e tambem a Terra da Bruxa. Estes localizados no Concelho de Arganil onde, durante vários anos, o médico Adolfo Rocha exerceu a sua actividade profissional no Hospital Condessa das Canas da respectiva Santa Casa da Misericórdia.
Miguel Torga descreve o íntimo do Beirão, partilha com ele os seus medos e busca junto deste a inocência de um Portugal preso e sem liberdade mas que consegue na mansidão da montanha ter acesso a uma forma de liberdade que apenas a natureza pode garantir.
O escritor redigiu um número significativo de obras, das quais se destacam os diários, e nestes é explanada uma existência recheada de vida e lições. Lições estas que tiveram por base uma vivência que para os mouramortinos está, também, demasiado próxima para que seja esquecida.
O poeta merece ser recordado em toda a região, merece que a sua obra seja divulgada e merece que a presença que teve em lugares como Avô ou no Colcurinho e nas paragens que fazia na Estalagem da Ponte de Mucela sejam relembrados, pois tal só valoriza culturalmente a Beira.
Miguel Torga partilhou ainda, as suas vivências com ilustres cidadãos, de entre os quais se destaca o também médico Dr. Fernando Valle, figura primeira da luta pela liberdade. Tambem aqui na Moura Morta conviveu com o Dr. Antonino Henriques seu companheiro por vezes na mesa do Arcadia ou da Briosa em Coimbra, perto do seu consultorio.
Enfim, por tudo isto e muito mais, Miguel Torga merece que o seu centenário não passe despercebido, pois ele representa um marco cultural com raízes bem fundas na Beira Serra e nas nossas terras, desde logo porque nela desenrolou parte da sua vida.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Isto quando toca a cultura ou a elogiar conterraneos, não ha comentarios. Mau sinal dos novos tempos.

10:45:00  
Anonymous Anónimo said...

O D. Antonino é um ilustre desconhecido no meio das gentes da vossa terra, mas um nome respeitado com direito a ruas e tudo fora do concelho.

13:26:00  

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