Património desprezado

Há milhares de palacetes, solares, casas solarengas e outras obras de arte do património arquitectónico nacional que, país fora, chocam pelo estado de degradação a que ficaram votados pelo abandono dos proprietários e indiferença das autarquias, quando não pela acção burocrática ou inibitória dos autarcas. O Alentejo, em que a recuperação dos montes fez moda, devia ser um exemplo. Especialmente no Centro e no Norte do país faz confusão o investimento e o licenciamento de mamarrachos e atentados ao bom gosto em claro contraste com o desincentivo à conservação e restauro do edificado histórico e mais nobre. Fora os casos (raros) de investimentos para turismo de habitação, as câmaras parecem mais interessadas em obstaculizar quem aposta na recuperação e melhoramento do património. Um simples passeio pela serra da Lousã mete dó.
O concelho de Vila Nova de Poiares, que ainda por cima tem à frente um ‘dinossauro’ do municipalismo (José Marta Soares), é um dos piores exemplos. As construções incaracterísticas e feias cresceram serra fora, enquanto o típico e histórico casario está condenado à derrocada. Das casas mais simples aos solares e palacetes que outrora embelezavam as aldeias e lugares do concelho.
E não faltam por enquanto interessados e investidores, apesar de todos os entraves camarários. Em nome de quê?

in "Jornal Sol"